Sensualidade



Percorremos a viagem nos atendo a paisagens que por vezes se tornam estatuas dentro de nossa afetividade. Transferimos uma energia naquele instante e por vezes nos cegamos no que tange o momento real.
A transferência emocional em algo idealizado acaba por barrar o fluxo imagético que propõe a homeostase corpórea. O que acaba seduzindo os afetos, toma no pensamento uma recorrência do conteúdo, formando uma prisão, que só acaba no consumo do desejo.
O prisioneiro do cenário muitas vezes posterior a consumação do ato se arrepende do tempo despendido naquele momento ilusório, que não é condizente com a realidade e se torna insatisfeito na busca de outro momento utópico para o preenchimento da sua necessidade de tornar-se saciado.
A complexidade de distinguir o aspecto enganoso que nos toma através do encanto alimentado por nossa própria subjetividade do que toca o real, o verdadeiro sentimento por de trás daquela imagem nutrida com sutilezas afetivas que nos acompanham, é quase tido como uma necessidade real de uma propagação de vida. Sendo essa criação muitas vezes apenas um erro decorrente da inabilidade de viver o presente.
O pensamento sedutor é a porta para a ruminação e a aspiração, o sujeito cria hipóteses necessárias para realização do ato que podem barrar a necessidade momentânea. O cenário imaginário do que seduz, reconforta com a promessa de solução para um conflito real.
A barragem impede o fluxo do rio, assim como o quadro hipotético de prazer impede o fluxo da realidade e da necessidade. A sedução criada pelo próprio sujeito atribuindo qualidades frívolas como propostas de se defender e propagar sua vitalidade social o esquivam do que é genuinamente necessário para se propagar como ser.
O que seduz antes de ser tangível ao sentido é alimentado no pensar, que depois no que é concreto se manifesta através de atribuições sensoriais. O cogitar é o início de toda a decorrência da interpretação do panorama criado, substancialmente a nutrição é derivada do desejo da possibilidade de triunfar como espécie. O que indubitavelmente aliena a capacidade de solidariedade.
A sensualidade é a dança do desejo, o que torna o desnecessário em necessidade. A sensualidade só existe no que anseia a perpetuação como espécie para distinção do outro e a escalada na pirâmide social. A abstração criada do fascínio é o que faz o sujeito acreditar veemente que algo que não vale nada tem um valor absurdo.

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