O espectro da autoimagem conflitante resultante do uso de psicoativos.
O uso de
determinadas substancias psicoativas para um determinado enquadramento social,
causam disfunções psicológicas complexas. A perspectiva de que uma imagem é
idealizada através do uso e que a construção da mesma é cada vez mais
aperfeiçoada para fuga da realidade e uma proximidade de um contexto heroico do
eu virtual, faz com que seja mais difícil a retomada ao trivial
Partindo da
perspectiva do heroico, o sujeito se vê enquadrado em uma fortaleza,
estruturada a partir de falsas convicções sobre si mesmo, que o determinam como
ser atuante de um nicho doente e também influenciado por distorções da
realidade. O resultado dessa patologia social, de uma desvirtuação continua de autoimagens
idealizadas e não condizentes com o contexto real, geram no individuo uma
incapacidade de se aceitar como ser sujeito de falhas e lacunas, estas geradas
através do investimento no imaginário do eu heroico, onde por muito tempo é o
motor insaciável de prazer e realização.
Tentar cessar
o ato de possuir uma capacidade de criar potência, poder e prazer em atos
imaginários oriundos de processos fisiológicos complexos, gera ao parar tal
ciclo vicioso uma dificuldade para se enquadrar no contexto real, passando pela
tentativa de se libertar da fortaleza virtual. Além da dificuldade de desativar
inúmeros circuitos neuronais complexos que foram destinados a atividade de
alienação, o que acaba gerando uma serie de desordens psíquicas, podendo elas
serem observadas pelas necessidades fisiológicas, onde o indivíduo passa pelo
processo de compulsão para outras vias de prazer, como alimentação, sexo, sono
e conflitos.
Partindo do
pressuposto de que o comportamento de utilizar psicoativos cesse, a carga do eu
heroico então é deixada para um espectro dos circuitos neuronais utilizados
para o prazer, que ao longo deste período abstêmio do comportamento auto
sabotador, se encontra com dificuldade para se adequar as normas, pelo fato de
não terem sido interiorizadas no tempo correto, devido à ausência do mundo
real. Ao mesmo tempo o sujeito deve deixar as próprias convicções de lado, o
que causa conflito interno e uma necessidade de colocar esta carga energética
em uma função de vida. Sair da inercia é crucial, porém por muitas vezes é
incompatível com a capacidade momentânea, devido as frustrações serem mais
evidentes do que a vontade de mudança, através desta raiva a energia não
consegue ser sublimada. Sendo a mesma que por outrora utilizada para
elucubrações a respeito de uma versão aprimorada de si mesmo, porem irreal,
causando então recalque por não se encontrar com as capacidades do eu heroico e
sim um espectro com um possível futuro incerto, penoso e árduo.
A forma de
transformar a energia fantasmagórica deixada pela ausência de si mesmo apossado
pelo processo do auto sabotador, exige primeiramente um tempo fisiológico de
adequação a uma homeostase corporal, para então a criação de novos circuitos
neuronais que se reflitam em ações construtivas para que a energia flua. É
amplamente necessário que o sujeito crie novas adversidades e tenha desafios
para enfrentar, pois a carga energética é intensa e logo ela irá ser desviada
para outras atividades. Porém se mal conduzido em seu processo a adversidade cria ao sujeito uma infelicidade
da sua situação e pelo fato de ele estar acostumado com o espectro onde a
construção de tais vias eram cada vez mais intensas, ao se tratar de pensamento
imaginativo e a realidade ser mais lenta do que o processo pensante, faz com
que a carga seja muito pesada para que o sujeito se mantenha parado, o que pode
fazer com que o mesmo definhe, sendo desviado pelas vias de prazer fisiológicas
ou perca o sentido existencial e acabe com sua própria vida, por se sentir
inútil ao viés social que se vê tão distante daquela fortaleza então fortemente
detalhada e agradável.
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